A televisão
- Ricardo Halpern
- 20 de mai. de 2016
- 2 min de leitura

A televisão é um excelente veículo informativo com intenso poder de penetração, tendo grande influência e força junto à opinião pública, sendo também um ótimo instrumento educacional. Em relação à criança, que é um ser extremamente vulnerável, estando em pleno processo de estruturação, desenvolvimento e maturação de sua personalidade, a exposição aos programas televisivos deve ser feita de maneira criteriosa. Quanto mais jovem for a criança, mais suscetível à incorporação das cenas que assiste, pois sua aprendizagem inicial se faz fundamentalmente através da imitação do que vê. Dependendo da idade e de sua sensibilidade, o excesso de estímulos que não consegue processar determina uma reação defensiva de enquistamento autístico, com desligamento do contato com a realidade. A criança muito pequena e imatura ainda não possui capacidade crítica para discriminar o que é fantasia da realidade objetiva, e para ela tudo que vê são fatos reais acontecendo no mundo externo. Dra. Raquel Soifer, psicanalista argentina, publicou em 1981 o livro A criança e a TV, já traduzido para o português pela Editora Artes Médicas, no qual faz uma excelente análise sobre o prejuízo causado pela televisão no processo de estruturação da vida mental, descrevendo dois novos quadros psicopatológicos em Psiquiatria da Infância e Adolescência: a Telivisite (casos agudos) e a Televisiose (casos crônicos), recomendando sua proibição para crianças menores de 5-6 anos, época de maior vulnerabilidade, e uso moderado para crianças maiores, com seletividade e uso criterioso. A experiência motora de contato real com o mundo externo é muito importante para favorecer o processo de maturação cerebral e a formação da personalidade do ser humano e sua Saúde Mental. Está cientificamente comprovado que o peso cerebral do bebê ao nascer é de 340 g, aumentando para 1150 g por volta do segundo ano de vida (cerca de 800 g), enquanto que na vida adulta o cérebro pesa em média 1400 a 1500 g. Este aumento inicial de peso se faz pelo desenvolvimento da rede dendrítica das células nervosas, a partir da experiência motora, o que amplia os circuítos sinápticos que são básicos no estabelecimento de conexões associativas fundamentais no processo de pensar. Isto comprova o prejuízo que pode ocorrer na estruturação mental de uma criança ao ficar imobilizada muitas horas de sua vida diante da tela da televisão.
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