Nascimento prematuro, pobreza e desenvolvimento cognitivo.
- adpediatria
- 2 de set. de 2020
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O presente estudo foi realizado utilizando a base de dados do Millennium Cohort Study (MCS), realizado no Reino Unido. Foram comparados dados de 13 267 filhos únicos nascidos entre 24 e 40 semanas de gestação, por meio de uma regressão linear, com o intuito de testar associações independentes e o conjunto Idade gestacional e a condição socioeconômica (CSE) para o desfecho desenvolvimento cognitivo.
Os indivíduos selecionados tiveram seus dados avaliados aos 9 meses, 3 anos, 5 anos, e 7 anos.
O CSE foi mensurado ao 9 meses, a partir de um indicador de pobreza, para saber se a família tinha renda mediana menor do que 60% da renda média das outras famílias do Reino Unido. Além disso, para ratificar os dados do CSE foram realizadas análises de componentes principais (abrangendo educação dos pais, ocupação e renda).
As questões de desenvolvimento das crianças foram analisadas por meio dos seguintes testes: BSRA-R (Bracken School Readiness Assessment-Revised) e o BAS II (British Ability Scales II). Sendo esse último adaptado à idade para 3 e 5 anos de idade. Aos 7 anos de idade foi utilizado o NFER (National Foundation for Education Research) para a avaliação de habilidades numéricas.
Os escores t, métrica estatística utilizada para comparar médias, foram padronizados para a amostra definida pelos critérios de inclusão e exclusão de estudo para uma distribuição normal padrão (μ = 0, σ = 1) para permitir a interpretação das diferenças de grupo em termos de desvios padrões.
Os autores destacaram que o CSE baixo foi independentemente associado a déficits nas avaliações cognitivas aos 3, 5 e 7 anos de idade, prematuridade também foi independentemente associado a piores resultados nas avaliações. Ambos aspectos agiram aditivamente para na maioria dos resultados, cada um contribuindo para menores resultados, porém com pouco ou nenhuma interação entre si. Apesar disso, os pesquisadores ressaltam que as crianças expostas a ambas as situações estavam em risco duplo de terem um pior resultado de desenvolvimento cognitivo.
Além disso, os autores encontraram dados que indicam que exposição à pobreza na primeira infância pode exacerbar os impactos do nascimento prematuro. Entretanto, evidenciam que para a maioria dos seus desfechos os efeitos do nascimento prematuro sobre os escores cognitivos foram consistentes em magnitude entre os níveis de pobreza, sugerindo que viver na pobreza não exacerbou nem atenuou os efeitos estimados do nascimento prematuro.
Os pesquisadores ressaltam a importância de analisar não só o contexto socioeconômico inicial das crianças, mas também dos pais e avós, fator que pode impactar no desenvolvimento cognitivo desses indivíduos. Dessa forma, colocam como necessário, em estudos futuros, considerar medidas não-cognitivas, como funções executivas e resultados sócioemocionais, para compreender de forma mais holística os impactos independentes e conjuntos da prematuridade e da pobreza no desenvolvimento infantil.
É importante ressaltar que o estudo apresenta algumas limitações, como o fato de ser um estudo linear, sendo assim, não é capaz de tecer uma descrição completa das relações entre as variáveis, o que é destacado quando há menção sobre a possível confusão residual das análises em virtude da correlação entre o status de pobreza e o risco de partos prematuros das mulheres. Além disso, os pesquisadores reuniram em um só grupo duas subclassificações de prematuros, os extremos (de 24 a 30 semanas) e moderados (de 31 a 34 semanas).































































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