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Influências biológicas e sociais nos resultados de adolescentes com prematuridade extrema/baixo peso


O presente estudo foi realizado no estado de Victoria, na Austrália, com o objetivo de comparar o efeito das influências biológicas e sociais no desenvolvimento cognitivo e acadêmico em indivíduos extremamente prematuros(EP) ou extremo baixo peso ao nascer(ELBW).


Trata-se de um estudo do tipo coorte, publicado em 2015, compreendendo 298 sobreviventes consecutivos nascidos EP/ELBW durante o intervalo de 1991-1992. O grupo controle foi formado por 262 bebês com peso normal ao nascimento foi recrutado concomitantemente, de forma aleatória entre partos elegíveis, tendo mesma data de nascimento, sexo, país de origem materna e proximidade de classe social com o indivíduo EP/ELBW.


Os indivíduos foram avaliados aos 2 anos, 5 anos, 8 anos e 18 anos, sendo aplicadas correções de idade para indivíduos prematuros. Em cada idade a avaliação se deu por psicólogos de pesquisa que desconheciam os achados perinatais ou os detalhes das avaliações realizadas anteriormente.


As variáveis biológicas perinatais como hemorragia intraventricular grave (IVH; grau 3 ou 4), leucomalácia periventricular cística, cirurgia requerendo anestesia durante a hospitalização primária ou tratados com corticosteróides pós-natais para dependência de ventilação são fatores associados a um pior resultado neurosensorial, mesmo de forma independente.


As variáveis sociais como base os resultados obtidos por estudos anteriores referentes a sua influência nos resultados cognitivos, foram determinadas como variáveis sociais: os anos de escolaridade da mãe (divididos em < de 12 anos e ≥ a 12 anos) e a classe social (dicotomizada em menor e maior, sendo, ocupações não qualificadas/desempregados e ocupações semi-qualificadas/qualificadas/profissionais, respectivamente).


Para determinar as medidas cognitivas usou-se as seguintes ferramentas: Escala Bayley de Desenvolvimento Infantil aos 2 anos, QI foi determinado aos 5 anos por meio da Escala de inteligência pré-escolar e primária de Wechsler- Revisada, aos 8 anos Escala de Inteligência Wechsler para Crianças - Terceira Edição e aos 18 anos com uma versão de 2 subtestes da Escala de Inteligência Abreviada de Wechsler.


As habilidades educacionais básicas de leitura, ortografia e aritmética dos indivíduos foram avaliadas aos 8 anos de idade por meio do Wide Range Achievement Test –Terceira Edição e aos 18 anos a decodificação de palavra única, ortografia, e as habilidades de computação matemática foram avaliadas usando o Wide Range Achievement Test - Quarta Edição. Todos devidamente padronizados por idade.


O estudo demonstra que os escores de desempenho cognitivo e acadêmico dos sujeitos EP/ELBW foram substancialmente mais baixos do que os dos sujeitos controle em cada idade. Além disso aponta que as diferenças para os controles nos escores cognitivos padronizados dos 2 aos 18 anos é semelhante a diferença dos 8 aos 18. Mesmo com ajustes para variáveis sócio demográficas as diferenças se mantiveram estatisticamente significativas.


Ademais, os pesquisadores destacam que a maior idade gestacional foi associada a melhores escores cognitivos em todas as idades, mas a relação aos 8 anos foi mais fraca do que em outras idades. Das variáveis sociais, classe social mas baixa e escolaridade materna foram associadas a piores resultados a partir dos 5 anos de idade; morar em uma família multilíngue teve associações negativas persistentes de 2 a 8 anos, mas não aos 18 anos.


O estudo conclui que a magnitude das associações biológicas é, em geral, igual ou superior à das exposições sociais, mesmo no final da adolescência. Além disso, ressalta a importância de avaliações mais aprofundadas para evidenciar o impacto dessas relações sobre os resultados de desenvolvimento na vida adulta.

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